6.2.17

Os filhos começam a andar e com isso vem o desespero.
O desespero de que as voltas que a Terra dá estão rápidas demais. Desespero pra deixar as coisas mais certas possíveis. Desespero se vou ter fôlego pra alcança-lo. Desespero em não conseguir disfarçar esse amor tão desesperador.

Neste fim de semana, enquanto eu raspava pêssego pra dar de sobremesa pro meu neném e meu olho ardia querendo chorar, eu explicava pra ele "que bom, Filho, que podemos te dar "tudo", ou pelo menos o que você necessita e um pouquinho mais". Falei isso em bom tom. Eu nem sei quanto custa um pêssego, mano. Eu fui ao mercado e simplesmente comprei. E só paguei a conta no final pensando que no fim do mês o salário "cai". E se não cair, alguém não vai deixar meu filho sem pêssego ou com vontade de alguma coisa. Esse é o agradecimento do dia, no final.

Os filhos começam a andar e com isso vem o desespero.
O desespero de saber ensinar que ele pode comemorar suas conquistas. Desespero de pensar que ele está crescendo, minha gente, e um dia vai sair correndo pro mundo. Desespero de não controlar isso e desespero de nem querer controlar. Só sentindo - clichezão mesmo.

Hoje recebi uma foto da minha Tia enquanto ela cuidava do neném. Ele tinha uma carinha serena, e segurava uma vassoura. Ele tem vários brinquedos, novos e usados. A gente já pôde doar muita coisa pra muita gente e emprestar também. Quando a Luna vier dizem que tudo retorna em dobro. E na real cada casa que o João frequentar vai sempre ter uma vassoura e atenção, o que basta pra uma brincadeira danada de boa.

Os filhos começam a andar e com isso vem o desespero.
Desespero porque vão alcançar muitos objetos pra poder tacar em algum lugar e porque vão cair e levantar.

Na real toda mãe é um pouco desesperada. Quando cê vira mãe cê entende.
Mas na realidade não tamos aqui falando de desespero. Estamos falando de mais uma etapa de colo-berço-sofá-engatinhar, que já está deixando uma BOMBA de chocolate de saudade.

Vem, neném. Pode soltar que a Mãe segura.

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