24.7.12

Chegou a hora de falar disso

E aí voltei a ler aquele roteiro que fiz, entendendo que ele estava menos careta do que eu imaginava.
Ao invés de "fazer sexo" eu tinha escrito "fazer amor"; ao invés de "vergonha" tinha utilizado a palavra "vaidade", troquei "desconhecido" por "entrega". Quando escrevi "suor", rabisquei e anotei "saliva" e quando escrevi "a melhor transa"; apaguei, rabisquei e deixei as últimas linhas em branco.

O quarto estava em temperatura ambiente, a garrafa estava cheia de água gelada, os lençóis, claros-turquesa, formavam um manto, a luz dourada do dia meio que tentava escorrer por entre as frestas das janelas, o relógio não funcionou durante gloriosas horas a fio, as pernas não imaginavam bambear ou doer no dia seguinte, o cérebro pregava a peça do tesão infinito e aqueles rostos riam e sorriam e falavam bobagens enquanto entravam em transe, enquanto os olhos se confundiam naquela transparência toda.
Não valeria a pena eu deixar isso jogado na gaveta dos papeis. Estou devendo uma atenção a isso há algum tempo. Eu deveria re-ver este roteiro.


"O livro prevê que a libertação da alma feminina acabará com o romantismo". diz a revista. Inspire-se.