27.6.06

Eu era feliz e bem sabia

Eu era feliz,
brincava de baldinho,
fazia a lição de casa,
ia pra escola,
fazia massagem na tia,
prestava atenção na aula,
voltava pra casa de ônibus escolar,
tinha janta da mamãe,
pulava na piscina,
e mergulhava em grandes sonhos.

boa noite filha!
e a coberta me fazia ninar...

prima e tios, festas com velinha, casa cheia de gente.
almoço de domingo com histórias de papai.


Eu era feliz,
e cresci.
dava o meu primeiro beijo
ia pra escola
era do time de hand e queimada
pulava com a torcida do colégio
(e minha mãe fazia musiquinhas e pompom)
assistia tv à tarde
ia para as festinhas
me preocupava com o telefone tocar
tinha muitos amigos; amigos.
tinha muitos sorrisos.


Eu era feliz,
e quando espertinha
comecei a trabalhar
ganhei mais família, mais conhecimento
gastava tudo em diversão
via o tempo passar, enquanto achava que não passaria.


Eu era feliz
vestibular, faculdade, pessoas
um mundo que só eu conheci,
que tenho formatado aqui dentro
tudo era demais, todos eram demais
qualquer coisa era bem vinda nessa vida
a novidade que não cabia em si.
hormônios x segundos
eu trabalhava, fazia toda a questão de estar na paulista
tudo me bastava
a alegria escorria pelo ar.

Eu era feliz
e depois disso não me lembro de mais nada
nunca mais fiz aniversário
tratei de seguir a vida como ela me pediu
e vivo num quadrado escuro
bato papo com psicólogo
com rugas e muita idade


Eu era feliz, e bem sabia:
que hoje eu não seria.


neurose
desentendimento
impaciência
mágoa
egoísmo
crescimento
preocupação
desafeto
retrabalho
desvontade
decepção
desabono
erros, erros, erros
e sono, muito sono.


Eu era feliz;
e hoje, eu pararia.

24.6.06

quando eu digo 'não sei'
é porque eu realmente não sei

eu lhe sou sincera, sempre fui.
eu lhe abri o coração, com razão.
e um sorriso... dez.
abri mais do que eu devia.

agora deixo assim, em mim:
um pé preso na gargantilha que você me deu
e a alma solta, parece que tem três asas.

lágrima, pequena curta gota, só do olho esquerdo
então não se preocupe!
foi bom o grito que demos juntos
uma pena que o meu tenha voado mais alto.

eco.
porque o eco volta para o ponto de partida.

eu sou realista, eu disse uma vez?
enquanto você vai lutar pela vida
eu saio para dar uma voltinha, arejar.
mas antes do entardecer, eu volto
vivendo uma nova loucura.

18.6.06

É moçada...

Não parece ter sido o último. O costume já não faz mais parecer ser o primeiro.
Foi bom, valeu, adeus... NO JUCA!!!

Mentes insanas, corpos dançantes, música alta, sujeira, pessoas, ritmos, risadas, barracas, comidas, banhos, fofocas, beijos, bateria, torcida, adversários, baladas, perdas, ganhos, colchão, ar, amizades, bebice, pegação, gritarias, hinos, ninguém dorme, costa do marfim, bracinho, boneca, delífias, bichos, caronas, simpatia, gente educada, festa junina, ônibus atolado, vai com um, volta com outro, prazer chocolate, camisinha, casa comigo, unha quebrada, truco, dança de um pé só, estádio, hotel, pizzaria, fotos, filmes, escova de dentes, sabonete comunitário, comi de forma, bar, conceitos, sunguelice, amorrr, ótico, não me torra, fogos, cerveja, sono, suor;
e tanta, mas tanta coisa, que eu sei que jájá a saudade vai me dar um belo de um soco na cara.


...Só eu sei porque eu não fico em casa!

6.6.06

Mais triste que dor de dente

- job alocado para junho/2006


Como se eu pudesse descrever... Como se eu não tivesse sido boba o suficiente e ao invés de falar tudo o que tinha combinado comigo mesma, não tivesse só me posto a chorar, feito criança, que chora choro doído, de dor no coração...

Foi um começo. E eu vim aqui explicar; ou comentar o porquê disso tudo.
Talvez por causa desse jeito seu, tão perceptivelmente parecido com o meu. Talvez por sermos do mesmo signo ou por você se importar com as pequenas coisas e com as pessoas ao redor, tão igual a mim.
Foi difícil e fácil ao mesmo tempo. Foi estranho eu ter alguém tão segura de mim, que me escolheu por ‘sentir’ que tinha de ser eu, que confia, que me escolhe uma roupa, que me faz alcançar os objetivos mais rápido, que se preocupa, que me faz sentir mais dona de mim mesma.

Houve uma conquista. Que não ficou estampada para quem quisesse ver. Ficou pairando na distância entre a minha cadeira e a sua. E eu mesma só percebi tudo isso quando ouvi que você iria. Iria não sei pra onde, porque as palavras entraram e fugiram tão rápido da minha cabeça que eu nem lembrava pra contar. E daí meu coração sorriu por você e estremeceu por mim. Doeu naquela hora. Então eu reparei na pontezinha que construímos entre a gente nesses poucos meses. Sete meses que me fizeram te admirar cada dia mais.

Trabalhar de forma serena, com o usual ‘sim, daremos um jeito’ e se fazendo acertar. Com calma e competência eu aprendi a falar ‘não’ com sorriso, e distribuir ‘sims’ quando se podia. Aprendi a controlar certas tolas ansiedades – não que eu controle todas! – e a manter um certo eixo. A falar baixo e não ter receio da sinceridade completa.

Foram manhãs engraçadas com histórias diferentes sobre o seu 'amore', sobre alguma coisa que você tinha esquecido em casa, a lavanderia, algum diz-que-diz da AgênciaClick ou outra coisa qualquer, jeito seu de ser. Mensagens no celular. Beijo na cabeça de ‘bom dia’.
Tardes intensas, com pedidos meus, ajudas suas, e vice-verso, correrias, prêmios, PCs, TCP, historinhas para o AgenteClick, emails sem querer pro !Geral às 10 pras 6 da tarde, pessoas pessoas e pessoas com pedidos pedidos e pedidos e eu sempre ali, ouvindo você acalmar a si e ao outro e fazer acontecer de algum modo. Por vezes eu também ria – e te imitava - com seu modo diferente de se distrair e deixar o outro falando sozinho sem culpa alguma.
Sorriso com boca anestesiada, danone e barrinha doce, conversas Fê-Fabixu no lounge, dia de fruta, banana e goiaba, campanha anti-tabagismo, época de faculdade, caras e bocas...
As únicas reclamações que tenho são de você dominando o meu mouse ou me dando umas broncas, mais do que sutis.

Eu molecona, você mulher. Mulherão pra mais de metro, vaidosa, cabeleireiro uma vez por semana =)
Nós, all star. Azul e preto. Eu, com toda a indecisão do mundo; você, com a certeza quase que exata. Você Brasília, eu São Paulo; pronúncia diferente. Nós duas e os nossos 20 e tão poucos anos...

Estagiária defendida a fundo na Criação, com direito a esquecer o email que tinha acabado de ler, sem levar bronca, sair às 18h, conversar sobre a Comissão de Formatura, sogras, o TCC, Cásper, o inglês, o espanhol, ligar na madrugada pra pedir pra chegar mais tarde, as pessoas, as coisas, e a dor de dente!

Manhã de sábado na Zezé Paulino, casamento de amigos, almoços, unhas, café no shopping, conversas de banheiro, sala de reuniões... Muitas vezes eu sem graça, ainda meio tímida, essa bobeira passou.

Agora você não tem mais uma surdinha por perto, nem ninguém que levanta de 5 em 5 minutos e chama ‘Mas Ka, que eu faço com isso?’ ‘Ka, a Carol tá causando’ ‘Seu celular tocou’ ‘Ka, me ajuda com a agenda?’. Eu não escutava, você me compreendia. Saudade.

De você, vou levar muitas coisas. Além dos ‘Aprenda com os erros dos outros’; ‘Nunca passe por cima dos seus objetivos’ ‘Concentração, vai!’ ‘Não vou te deixar órfã’... Vou levar uma lembrança de capacidade e confiança muito forte, de pessoa bacana, de sorriso bonito, de pinta no rosto e pé 39. Voz calma, gargalhada escandalosa, jeito manso até pra ser firme. Admirável, amável.

Acho que o que fica é a ansiedade de lidar com todo esse ‘novo’, que é sem você, que é de reconquistar uma nova chefe e conseguir não fazer comparações. Não...! O que fica é a incerteza do que vai ser e a certeza de que foi bacana. Bem bacana. (e você ganhou o campeonato de chefes por causa do ovo de Páscoa).
Fica uma guria mais segura do que faz, com mais mil e uma coisas aprendidas, com a ganância de querer encontrar mais pessoas assim pela vida, com mais astúcia e esperteza, mais dócil, mais competente, mais profissional. Fica o seu xodó super fazendo um bom trabalho parecido, por ou sem querer, com o seu.

O seu último desejo concebido: estou eu, de rosto limpo, olhos mais claros e sobrancelha maravilhosa. Feliz assim? Eu também.

Foi duro o até logo, mas foi muito, muito bom tirar a limpo essa história de que ‘chefe é chefe’ e perceber alguém assim, você mesma. Com honestidade, glamour e espontaneidade. Obrigada por tudo, pelo aprendizado, pela convivência. Obrigada por ser assim e por me dar a oportunidade de te conhecer. Vá com tudo pelo novo tão ansiado, que a gente se vê logo menos!

Abraço e beijos apertados, bem apertados.


Bu.
www.andardaelite.blogspot.com