28.2.09

Mudança só entre 9h e 17h e aos sábados

Olhando pela janela do quarto, pude perceber o que significa a constante mudança no mundo. Uma constante. Da janela do quarto, percebi o quanto a paisagem continua a mesma, para mim, há anos. O quanto não mudei, durante toooda esta vida. Da janela do quarto, vejo a favela, em constante obra, em costante crescimento - e não para os lados, mas para cima. Um puxadinho aqui, outro ali; carro novo, pintura nova, gente sempre fazendo festança. Gente, que se incomoda com ficar parado. Gente que sobrevive, e muda, e desmuda. As pessoas são as mesmas, muitas até cumprimento. As pessoas que conheço há estes mesmos anos... Pessoas que mudam. De favela, quase mais nada.


Da janela também dá pra ver as mesmas árvores, que crescem e que são cortadas ano a ano, mas que sempre estiveram aqui, desde os meus poucos anos. Os prédios, são poucos - mas não me lembro se os vi mudar para cá ou se eles que me deram boas vindas quando nasci. Os carros que não 'cabem' na garagem, sempre os mesmos, parados em suas respectivas vagas - na rua. A mesma rua. A mesma desconhecida rua. Da janela tiro foto ou outra de vez em quando, uma hora uma linda Lua, outra hora tentando encontrar o enquadramento perfeito do colégio, o colégio que estudei anos - sem mudar. Daqui, muitos anos, muitas indas e vindas por essa rua, muitas noites nesta mesma janela papeando com vizinho, chamando o tio que mora no andar debaixo para pedir açúcar emprestado, para ver os fogos brilhando no Céu. Da mesma janela, vejo tudo igual, com algumas mudanças. Da janela para dentro eles vêem a mim. Igual. Igual. Igual.

Minha avó me disse ontem que gosta de mudar. Feliz aniversário, vovó.