27.3.06

Saudade do que ainda já não foi.


Calçada enorme da vida.
Gente que te quero bem.
Estes andares deixam o céu mais perto.
E aqueles novos sonhos também.

Não me escape, oh dona. Esses últimos dias são tão nossos...
Engula-me asfalto adentro, mas não me esqueça numa outra avenida qualquer.

25.3.06

Tsc tsC tsC

Eu fico aflita
Eu rôo a unha
Eu tenho sede
Eu ouço um sax

Eu sorrio
Olho micro
Rôo unha
Escuto um sax

Eu tenho sede
Não tenho rede
Estou aflita
Ao som de um sax

Eu desconcentro
Volto e me sento
Estou aflita
Unhas não tenho mais

Estou corrida
Estou cortada
Não quero vida
Não quero nada

Me traz uma sede?
Eu tomo um sax.

2006.

22.3.06

Saudade.

Papai apareceu em casa, assim de surpresa, com uma pizza na mão e um chaveiro divertido pendurado no bolso. Quando cheguei, ele conversava sério com meu irmão – como sempre acontece – mas ao me ver abriu um sorriso, que foi saindo, saindo e ficou do tamanho do mundo, minutos depois.
Ele já não manja muita coisa lá em casa, esqueceu onde fica a água e não sabe qual dos controles remotos usar.
Pusemo-nos a conversar na sala, assistindo um programa qualquer em frente à TV nova; sobre assuntos de sempre: carreira, dinheiro, vida. Até falei um pouquinho de mamãe, fiz umas piadinhas um tanto quanto bobas, falei de um filme, ele de Globo; e foi papo sincero.
Eu sinto falta do meu papa, que anda barrigudo, mas todo charmoso com sua bermuda e tênis novos, de meninão. Cabelos enrolados como os meus, porém escuros. Olhar forte e grande gosto por palavras.
É... As coisas não são as mesmas, o conto de fadas dura, mas não para sempre e papai está começando a acreditar que eu cresci. Tá começando tanto que já impõe mil responsabilidades em meu teto. E está certo. Eu ouço tudo o que ele fala, com cautela, e assimilo. Inda bem.
Estávamos cansados, com sono, então o coloquei para dormir; no meu quarto. Ajeitei a cama, cobri com cobertor. Deitei um pouco ao seu lado, dei um abraço – o mais forte do mundo - e fui dormir também, na sala.
Hoje acordei, sozinha no meu mundo, dei tchau para mim mesma e fui-me.
Afinal, o dia é duro. E amanhã ele não estará mais aqui pra me segurar.

Saudade.

17.3.06

Flower não é flor

Eu acho que viver é isso: se firmar em um ideal e lutar por ele, mesmo sabendo que você vai pra guilhotina - dependendo do que tentar dizer por aí, aos quatro ventos.
Eu queria é ter um ideal. Eu nasci, mas não estou no mundo. Então meu ideal acaba sendo amplo demais; viver.
Ai, que confuso. Vou indo dormir.