11.1.07

" dídi "

Nós sempre brigamos muito. Isso não mudou até hoje... Por que mudaria? É caso de família, mesmo. Não... Não como os que vemos na TV, ora absurdos de ódio mortal, ora perfeitos de beleza mentirosa da vida.

Você já luxou meu dedo ‘Seu Vizinho’. Eu já te bati até meu braço doer. Guerrinha de tudo quanto é tipo. Do Comandos em Ação ao Vídeo-Game. Brigamos, brigamos e brigamos, a ponto de demorar pra você entender que eu ia sim namorar um cara. E daí por diante as coisas mudaram. Mudaram nada ;-)

Você prefere Coca, eu rio quando você inventa de dar um gole na minha cerveja. Você Administração, eu Publicidade, embora seu quê seja na comunicação. (somos parecidos?) Você fala inglês como ninguém, eu travo. Você insiste que eu dirijo bem porque tive a good professor; mas você sabe que eu manjo. Nós somos extremos nas mesmas situações. Você diz sim, eu digo não; e vice-versa. Quem sabe até partilhemos da mesma opinião. O negócio é discordar. Sei lá.

Os dias passaram e brigamos. Brigamos por causa do carro, de um atraso, do computador, dos seus gritos pelo futebol. Brigamos porque eu gosto de pizza de mato e você só quer queijo na frente. Você bebe leite, eu prefiro água. Meu deus do céu... Será que só somos parecidos nos cachos?

Você era dourado e mamãe te dá leite até hoje. Eu nunca liguei, na verdade, mas é sempre bom rir e brincar que você é o queridinho dela. Eu sei que não. Eu só me preocupo em cuidar do teu coração.

Nós nos amamos. Demais.
Aquela foto. Ah, aquela foto diz tudo. Tão poucos anos, um sofá, um colo, 1986 e um carinho arrebatador marcado numa simples imagem. Que não sai, não sai da minha cabeça. Guardo no olhar.

Nós nos amamos. E hoje - você num carro, eu n’outro - eu sinto falta de não falar com você de manhã enquanto você tenta tirar o meu mau humor matinal, seja comentando da única voz que me faz sorrir na rádio AM, seja contando algum fato; enquanto me dá uma carona não tão bem quista em direção ao meu futuro. O meu futuro. Você está lá. De azul, inserido num manto de plumas, sob meu olhar de todo o cuidado do mundo pra que vire eterno.

Eu te amo. E isso não tem medida cabível. Pode multiplicar.

10.1.07

in chains

Seu universo preto. O meu, preto e branco.
Suas chamas acendem – e pelando - eu insisto em me queimar.
Suas vontades, um tanto quanto obscuras. Desejos insanos de uma falsa mente.
A gente vai brigar, eu já disse. Fecho a cara. Mas vamos rir muito mais.

Toque-me agora, me toque mais, não me deixe em paz.
Sorriso e carinho. Um em cada braço seu. E o sol, que volta a se por todos os dias, no fim da tarde acalorada e cansada. Essas cortinas frisam a sua pele.

Você aceita uma dose?


Um dia – eu já disse – te mato.

2.1.07

Muhammad my friend
It's time to tell the world

"...
Sweet sweet sweet
Used to be so sweet to me
..."


O mundo pára um pouco.
E a minha pressa se concentra apenas em conseguir acompanhar uma doce, bela e faceira voz. Com arranjos de anjos. Com batida perfeita. Com batimento ordeiro. Mel que adoça o fim de cada estrofe.

Hiperatividade. E eu esqueço até de pensar.
Seu sorriso me corrói aos poucos. Não pára, não, não pára.


Muhammad My Friend, Tori Amos, no YouTube